Nos tempos atuais, principalmente no cenário de crise econômica, é necessário fazer uso inteligente do dinheiro. Entretanto, o que seria “uso inteligente”?
A primeira coisa que pensamos é a importância em gastar apenas com o necessário, reduzindo os custos e despesas a fim de gerar uma economia. Entretanto, este é apenas um lado da moeda. O outro lado da moeda, que geralmente não é muito considerado, é saber que o uso inteligente do dinheiro não é apenas não desperdiçá-lo, mas fazer com que ele se multiplique. Para isso é preciso investir! Ao contrário do que muitos pensam, investir não é sorte, dom natural, instinto, nem nada parecido. Investir é um processo racional, baseado na contabilidade, que pode ser para qualquer um. Seja você empresa ou pessoa física, a contabilidade empresarial é de suma importância para o entendimento do que de fato ocorre em uma organização e se ela é ou não uma “boa aposta” para se investir. Todo investimento tem seus riscos inerentes e retorno associado, mas, com conceitos básicos da contabilidade, tais riscos serão conscientes e bem determinados.
Quando falamos em decidir se investir em determinada empresa é uma “boa aposta”, estamos falando sobre a análise dos relatórios contábeis desta empresa, sendo os três principais: Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC); Balanço Patrimonial (BP) e Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
1. Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC): Apresenta a movimentação de dinheiro ocorrida durante o exercício e a disponibilidade financeira da Empresa.
2. Balanço Patrimonial (BP): Apresenta a estrutura patrimonial da empresa, além da estrutura de captação e aplicação de recursos.
3. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): Apura o resultado da entidade gerando três indicadores de lucratividade, a margem bruta, margem operacional e margem líquida.
A análise destes relatórios para que seja estratégica, deve seguir dois parâmetros. O primeiro deles é a fidedignidade, que é a segurança na veracidade das informações, sendo importante haver o parecer de auditores independentes. O segundo, é a comparabilidade sendo preciso a análise de, no mínimo, dois exercícios sociais da empresa para que se possa ter uma imagem mais real dela.
Por fim, para uma análise estratégica e racional dos relatórios contábeis, há três critérios: análise vertical, análise horizontal e indicadores de desempenho.
1. Análise vertical: Na demonstrações financeiras, mostra a participação percentual de cada um dos itens em relação ao somatório do grupo. É a responsável por avaliar a estrutura de composição dos itens e sua evolução no tempo.
2. Análise horizontal: Observa a evolução ou involução dos componentes de dois ou mais exercícios financeiros. É responsável por observar o comportamento dos diversos itens do patrimônio e dos índices permitindo a análise de tendências.
3. Indicadores de desempenho: Emitem um parecer, por meio de um diagnóstico financeiro, que servem de base para a tomada de decisões racionais. Estes índices se dividem em duas família. A primeira é a família financeira (BP), cujos principais índices são os de liquidez/solvência e endividamento e risco. A segunda família é a econômica (DRE), cujos índices são os de lucratividade e os de rentabilidade.
Uma vez que as empresas são obrigadas por lei a emitir e disponibilizar estes relatórios, com um pouco de entendimento nos conceitos aqui abordados, a decisão de se investir ou não em uma organização torna-se mais fácil e racional.
“Examine bem os fundamentos da empresa. Veja o histórico de dividendos, a saúde financeira, a perspectiva daquele setor, o comprometimento do gestor. Seja chato.” - Luiz Barsi