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  • William Oliveira

5 competências do futuro para fugir do clichê em CVs e apresentações


Se você alguma vez já montou um Currículo Vitae em sua vida, com certeza sentiu na pele a dificuldade que é expressar suas competências em termos curtos e objetivos. Mesmo quebrando a cabeça, por vezes é difícil escapar dos famosos clichês presentes em 8 entre 10 CVs: “sou proativo(a), organizado(a), motivado(a) e gosto de trabalhar em grupo”.

Imagine-se na posição do seu recrutador ou possível chefe... deve ser mais do que entediante ler uma pilha de perfis de candidatos que dizem a mesma coisa, ou melhor, que não dizem nada.

A razão para essa limitação não reside apenas numa questão de criatividade - sim, só trocar “motivado” por “goal-oriented” não vai adiantar de muita coisa – e está intimamente ligada ao não perceber que a chave das competências exigidas pelo mercado girou novamente.

No último mês tive a oportunidade de participar de uma palestra muito intrigante ministrada pelo Dr. Rui Coelho, um dos maiores nomes da gestão de talentos em Portugal. Realizado na Faculdade de Economia da Engenharia do Porto, o evento discutiu o poder das competências em um contexto global de revolução do trabalho causado pelos recentes avanços da inteligência artificial.

Para além dos adjetivos de senso comum, que já se consideram competências básicas e indispensáveis, o futuro exige novos diferenciais. Destaco aqui as 5 que mais me chamaram atenção na fala do Dr. Rui e uma breve ideia sobre as suas possibilidades de aplicação.

1) Future Thinking

Nada melhor do que começar com uma competência com futuro no nome. Não, não tem nada a ver com tornar-se um vidente profissional – claro, se isso fosse possível também seria uma provável competência desta lista. O Future Thinking se baseia em pensar e agir de forma criativa face aos desafios no longo prazo, dando continuidade ou até disrupção inovativa aos processos e resultados.

Apesar da forte ligação com as áreas da tecnologia, você pode expressar esta competência ao tomar posturas dentro de qualquer organizaçãono sentido de melhorar a gestão da informação e do conhecimento, ou de contribuir com considerações sobre perspectivas futuras para o processo, especialmente fundamentadas com dados, ou até de ser um agente de ação na perpetuação da cultura da organização para os novos membros.

2) Inteligência Emocional

O conceito de inteligência emocional do Daniel Goleman é hoje bastante popular mundialmente, e não é por acaso. Todos nós já passamos por grandes frustrações, seja no trabalho, na escola ou na vida amorosa. No entanto, a maneira como essas decepções afetam a nossa vida, diz muito mais sobre nós e uma eficaz gestão das emoções é bastante valorosa para as organizações hoje.

Isso não significa que as companhias estejam se guiando para ambientes hostis a emotividade. Muito pelo contrário. São diversos os exemplos de multinacionais e startups que muito enfantizam os traços humanos dos seus colaboradores, tendo essa característica como importante diferencial competitivo.

Mas o que se busca em profissionais inteligentes emocionalmente é a habilidade em lidar com a instabilidade e com os altos e baixos do ofício, mantendo a perseverança, ao mesmo tempo que nutre relações saudáveis com a empresa e seus colegas, de modo que as diversas dimensões da vida tenham suas necessidades atendidas. Parece mais complicado quando a gente lê, eu sei, mas é só isso mesmo.

3) Positivismo

Só dizer que “vai dar tudo certo” toda hora e já domino esta competência, certo? Errado! O positivismo aqui está mais próximo ao conceito de midset de crescimento da Carol Deweck do que aquele presente em um simples livro de cabeceira. Pensar positivo dentro de uma organização é entender que todas as situações vivenciadas são importantes lições para o processo. Às vezes isso significa aceitar que um projeto fracassou ou que a decisão tomada não foi a mais correta. Mas sempre acompanhado de um “na próxima vez acertamos”.

Como na memória humana, caso o processo esteja em boas condições – ou seja, tenha um bom controle e gestão da informação - os acertos e, principalmente, as falhas oferecem dados importantes para as próximas tentativas.

Esta competência está diretamente ligada com as duas anteriores, especialmente com a inteligência emocional. Quem pensa positivo motiva quem está ao seu redor e pode gerar uma onda de persistência na organização. Além disso, está relacionada com a habilidade de reconhecer os talentos e incentivar o desenvolvimento dos demais membros da equipe.

4) Drive

É o fazer acontecer. Profissionais com esta habilidade têm como fonte principal da sua energia a sua realização pessoal. Eles irridiam auto-confiança em sua equipe e nos resultados que ela pode entregar. Mais do que isso, eles compreendem as dimensões do resultado entregue, de modo que isso faça sentido com o seu propósito de vida.

Isso pareceu uma coisa muito holística ao ler? Mas é mesmo. Sabe o brilho no olhar, aquela alegria misturada com um frio na barriga por entregar algo que só você consegue fazer? Naquele momento você usou o seu drive. Pense bem sobre isso e como a vaga/oportunidade que você está se candidatando pode te proporcionar esse tipo de experiência. Profissionais assim são valorizados porque são independentes, engajados e excelentes propagadores de uma boa cultura organizacional.

5) Leaning Agility

A mais importante de todas é saber aprender. Mas não só isso: aprender a aprender rápido. Quantos de nós já não pensamos “estou louco para este curso acabar logo para nunca mais voltar a estudar”? Eu mesmo me incluo na lista!

Mas a verdade é que nós não temos todas as competências técnicas que o mercado exige. É injusto e irreal esperar que 4 ou 5 anos de universidade nos deem toda a base para lidar com problemas complexos da realidade. Então, o que se espera hoje, com todas as ferramentas digitais a disposição, é que o profissional saiba reunir informações de diversas fontes e que proponha soluções mesmo que não seja especificamente na sua área de estudo principal.

A transdisciplinaridade e a curiosidade são habilidades correlatas que podem auxiliar na capacidade de aprender e assimilar referências, bem como resultados criativos são esperados por parte desses profissionais que rapidamente aprendem e aplicam novas ferramentas, metodologias e técnicas.

Com essas informações, espero que em sua próxima entrevista ou apresentação pessoal você consiga abordar elementos dessas competências em sua fala de maneira autêntica e com exemplos ocorridos na sua experiência pessoal/profissional. Ao fazer o seu próximo CV, aproveite para praticar a sua learning agility: experimente novos layouts, inove na sua descrição e apresente competências fora do clichê.


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